segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Estive em Cruzeiro do Sul e...

Viagem rápida, ou "deslocamente", como queira. Sábado embarquei junto ao amigo e alma gêmea no jornalismo, Marcos Vicentti e a querida nega, Lamlid, para Cruzeiro do Sul, voltei domingo, mas foi tudo tão intenso que parece ter sido mais tempo. Realmente, quando estamos serenos, vivenciamos melhor cada momento. Do aeroporto, direto para o Igarapé Preto, comer peixe, afinal, os de lá são deliciosos,acompanhados de farinha e Baré, claro. Ainda lá, uma conversa que nos mostra a realidade do Norte, ou do Brasil mesmo. Colegas de profissão que acumulam até quatro funções, de motoristas à apresentadores de jornais, ganhando metade do piso salarial. Digestão difícil!
Correria, reunião com os colegas, pauta: lançamento da décima edição do Prêmio José Chalub Leite de Jornalismo, novidades com o anúncio do prêmio João Mariano, que será realizado na cidade. Um papo bacana, com troca de experiências. Depois de muita conversa, uma parada na lanchonete da praça e a presença de um grupo de meninos engraxates, realidade complicada no Brasil. Por algum motivo, talvez nossos problemas em pauta não nos sensibilizaram para a história deles, também pela esperteza da garotada que já milindra quanquer aproximação. Mas isso não ficaria assim.
Depois desse, encontramos o "Açouque", onde o que nunca tem é carne, na verdade é um bar, ou pelo menos se tansformou em tal. Tirar fotos ali é complicado, porque alguns dos frequentadores estão escondidos de suas esposas, então nada de exposição.
Valeu o abraço na casa de amigos, Deise, Nadson, Pérpetua e a mãe dessas figuras maravilhosas, igualmente, maravilhosa. A noite, tradição é ir à Farinhada. Divertido, novas amizades, novos sorrisos. Muito legal o encontro com a turma da Força Áerea Brasileira, que concluí o trabalho da operação da aernoave que caiu próximo a Cruzeiro do Sul, em que duas pessoas morreram e nove sobreviveram. Trabalho difícil dessa turma, essencial, principalmente na região Norte, onde chegar a um lugar desses é odisséia.
Dia seguinte, esqueci da farinha, do biscoito de goma de macaxeira, a meta era ir ao Igarapé Preto, pra valer a ida à Cruzeiro do Sul e estrear o biquini que encontrei depois de uma caminhada no centro da cidade, no forte calor, mas determinada junto a Lamlid a não perder esse banho. Antes, no Naturalissíma, fomos tomar café. Encontramos Francisco, outro engraxate, mas, de rosto sereno, lindos olhos, dez anos.
Francisco sai todos os dias pra trabalhar, quando completa cinco reais, volta pra casa, mas o dinheiro já é suficiente para comprar comida no dia seguinte. Mas conquistar esse valor diariamente é tarefa complicada, significa cinco clientes, e nem sempre eles aparecem. O garoto teve a idéia de trabalhar, construiu sua caixinha, comprou a graxa, flanea e escova. Hoje é um autônomo. O pai, faleceu,tem apenas a mãe e os irmãos. O que vai ser quando crescer? Resposta: "Crente!", ou seja, evangélico. Profissão mesmo, ainda está pensando.
Garoto com marcas das travessuras pelo corpo, mas também da agressividade de pessoas menos serenas, uma delas, na cabeça, foi um tijolo que atiraram nele. Mais que marcas físicas, Francisco carrega um olhar desconfiado, de quem não pode confiar no mundo, mas o brilho e o sorriso ainda revelam esperança, aquela essencial para continuar crendo que vale a pena seguir!
Cruzeiro do Sul foi assim... intensa! E pra fechar a visita, uma foto em uma de suas grandes ladeiras, suei frio. Claro, seguida do banho no Igarapé Preto! De volta à Rio Branco!
(As fotos colocarei depois)

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