Estou na Aldeia São Joaquim, no município de Jordão. Para chegar até aqui, duas horas em um vôo no tradicional teco-teco, de Rio Branco até Jordão, depois, mais uma hora de barco até a primeira de 31 aldeias do povo Kaxinawa. Eles representam um terço da população desse município, situado no Vale do Juruá, no Acre.
A sensação em estar de volta em uma aldeia? A melhor possível. A lua está linda, fechando o dia com de forma especial, coroando o sol e a chuva que dividiram a tarde, dispensando qualquer iluminação de lanterna. O povo é bonito, alegre em suas corres e formas, acanhado com a simplicidade de um amazônida, receptivo, acolhedor.
Aqui nem todos falam português, o idioma de origem tem o Pano como tronco lingüístico. Viemos para celebrar junto aos Kaxinawa a Festa Katxatirim, que tem dois significados: Festa do Gavião e Festa do Marirí. O primeiro recebe quatro formas de canto, o segundo tem 200 canções, todas recordadas pelo pajé. O assunto discutido aqui também é o etnoturismo, que de certa forma já acontece na aldeia, daí a necessidade de se organizar e criar algumas regras para tal, de maneira que as comunidades indígenas sejam menos afetada e tenham mais respeito em suas tradições.
Mas chegar até aqui foi ótima aventura. Logo na saída de Jordão conheci um comerciante dos rios, com seu comércio em um barco, seu Vivaldo Sampaio, de 63 anos. Cheio de histórias e dono de um ótimo café. Depois de cenário exuberante, acolhidos pelo sol e pela chuva, chegando na aldeia, a emoção em visitar uma área sagrada, de plantio de ervas medicinais. Depois, tomar o rapé nos pés de uma estonteante Samaúma, com toda sua grandeza em mata fechada, foi sensacional.
Ver o sol se por, e tomar banho de rio a noite, é uma prazer que o povo Kaxinawa proporcionou. Depois de um jantar regado a caiçuma, um pequeno intervalo, depois a festa. Uma roda regada a "Uni", uma conversa com pajés e lideranças, um momento para o corpo e a mente.
Sabedoria é a palavra que se pode tirar de toda a conversa com pajé e lideranças indígenas. A sabedoria de quem vive na floresta. A noite é tranqüila, embalada pelo cantos dos índios Kaxinawa. No dia seguinte, a neblina aos poucos vai revelando a floresta, as conversas continuam, os gritos indicando que mais festa vem por aí, e a chegada de mais parentes. Mas, para nosso grupo, a festa termina aqui, é hora de voltar. E depois de abraços e mais uma hora de barco, estamos no aeroporto de Feijó, aproveitamos para dar carona a uma adolescente de 13 anos, que após ter bebê, tenta se recuperar de uma imorragia. Parada em Feijó para deixar dois passageiros, e a viagem foi turbulenta, o medo esteve presente. De Feijó para Rio Branco tranqüilidade e até uma aula grátis com o piloto.
Texto escrito na aldeia no dia 28/12
(*Na viagem comigo, Jair Alves, Cassiano Marques e Francisco Pianko)
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Estive em Cruzeiro do Sul e...
Viagem rápida, ou "deslocamente", como queira. Sábado embarquei junto ao amigo e alma gêmea no jornalismo, Marcos Vicentti e a querida nega, Lamlid, para Cruzeiro do Sul, voltei domingo, mas foi tudo tão intenso que parece ter sido mais tempo. Realmente, quando estamos serenos, vivenciamos melhor cada momento. Do aeroporto, direto para o Igarapé Preto, comer peixe, afinal, os de lá são deliciosos,acompanhados de farinha e Baré, claro. Ainda lá, uma conversa que nos mostra a realidade do Norte, ou do Brasil mesmo. Colegas de profissão que acumulam até quatro funções, de motoristas à apresentadores de jornais, ganhando metade do piso salarial. Digestão difícil!
Correria, reunião com os colegas, pauta: lançamento da décima edição do Prêmio José Chalub Leite de Jornalismo, novidades com o anúncio do prêmio João Mariano, que será realizado na cidade. Um papo bacana, com troca de experiências. Depois de muita conversa, uma parada na lanchonete da praça e a presença de um grupo de meninos engraxates, realidade complicada no Brasil. Por algum motivo, talvez nossos problemas em pauta não nos sensibilizaram para a história deles, também pela esperteza da garotada que já milindra quanquer aproximação. Mas isso não ficaria assim.
Depois desse, encontramos o "Açouque", onde o que nunca tem é carne, na verdade é um bar, ou pelo menos se tansformou em tal. Tirar fotos ali é complicado, porque alguns dos frequentadores estão escondidos de suas esposas, então nada de exposição.
Valeu o abraço na casa de amigos, Deise, Nadson, Pérpetua e a mãe dessas figuras maravilhosas, igualmente, maravilhosa. A noite, tradição é ir à Farinhada. Divertido, novas amizades, novos sorrisos. Muito legal o encontro com a turma da Força Áerea Brasileira, que concluí o trabalho da operação da aernoave que caiu próximo a Cruzeiro do Sul, em que duas pessoas morreram e nove sobreviveram. Trabalho difícil dessa turma, essencial, principalmente na região Norte, onde chegar a um lugar desses é odisséia.
Dia seguinte, esqueci da farinha, do biscoito de goma de macaxeira, a meta era ir ao Igarapé Preto, pra valer a ida à Cruzeiro do Sul e estrear o biquini que encontrei depois de uma caminhada no centro da cidade, no forte calor, mas determinada junto a Lamlid a não perder esse banho. Antes, no Naturalissíma, fomos tomar café. Encontramos Francisco, outro engraxate, mas, de rosto sereno, lindos olhos, dez anos.
Francisco sai todos os dias pra trabalhar, quando completa cinco reais, volta pra casa, mas o dinheiro já é suficiente para comprar comida no dia seguinte. Mas conquistar esse valor diariamente é tarefa complicada, significa cinco clientes, e nem sempre eles aparecem. O garoto teve a idéia de trabalhar, construiu sua caixinha, comprou a graxa, flanea e escova. Hoje é um autônomo. O pai, faleceu,tem apenas a mãe e os irmãos. O que vai ser quando crescer? Resposta: "Crente!", ou seja, evangélico. Profissão mesmo, ainda está pensando.
Garoto com marcas das travessuras pelo corpo, mas também da agressividade de pessoas menos serenas, uma delas, na cabeça, foi um tijolo que atiraram nele. Mais que marcas físicas, Francisco carrega um olhar desconfiado, de quem não pode confiar no mundo, mas o brilho e o sorriso ainda revelam esperança, aquela essencial para continuar crendo que vale a pena seguir!
Cruzeiro do Sul foi assim... intensa! E pra fechar a visita, uma foto em uma de suas grandes ladeiras, suei frio. Claro, seguida do banho no Igarapé Preto! De volta à Rio Branco!
(As fotos colocarei depois)
Correria, reunião com os colegas, pauta: lançamento da décima edição do Prêmio José Chalub Leite de Jornalismo, novidades com o anúncio do prêmio João Mariano, que será realizado na cidade. Um papo bacana, com troca de experiências. Depois de muita conversa, uma parada na lanchonete da praça e a presença de um grupo de meninos engraxates, realidade complicada no Brasil. Por algum motivo, talvez nossos problemas em pauta não nos sensibilizaram para a história deles, também pela esperteza da garotada que já milindra quanquer aproximação. Mas isso não ficaria assim.
Depois desse, encontramos o "Açouque", onde o que nunca tem é carne, na verdade é um bar, ou pelo menos se tansformou em tal. Tirar fotos ali é complicado, porque alguns dos frequentadores estão escondidos de suas esposas, então nada de exposição.
Valeu o abraço na casa de amigos, Deise, Nadson, Pérpetua e a mãe dessas figuras maravilhosas, igualmente, maravilhosa. A noite, tradição é ir à Farinhada. Divertido, novas amizades, novos sorrisos. Muito legal o encontro com a turma da Força Áerea Brasileira, que concluí o trabalho da operação da aernoave que caiu próximo a Cruzeiro do Sul, em que duas pessoas morreram e nove sobreviveram. Trabalho difícil dessa turma, essencial, principalmente na região Norte, onde chegar a um lugar desses é odisséia.
Dia seguinte, esqueci da farinha, do biscoito de goma de macaxeira, a meta era ir ao Igarapé Preto, pra valer a ida à Cruzeiro do Sul e estrear o biquini que encontrei depois de uma caminhada no centro da cidade, no forte calor, mas determinada junto a Lamlid a não perder esse banho. Antes, no Naturalissíma, fomos tomar café. Encontramos Francisco, outro engraxate, mas, de rosto sereno, lindos olhos, dez anos.
Francisco sai todos os dias pra trabalhar, quando completa cinco reais, volta pra casa, mas o dinheiro já é suficiente para comprar comida no dia seguinte. Mas conquistar esse valor diariamente é tarefa complicada, significa cinco clientes, e nem sempre eles aparecem. O garoto teve a idéia de trabalhar, construiu sua caixinha, comprou a graxa, flanea e escova. Hoje é um autônomo. O pai, faleceu,tem apenas a mãe e os irmãos. O que vai ser quando crescer? Resposta: "Crente!", ou seja, evangélico. Profissão mesmo, ainda está pensando.
Garoto com marcas das travessuras pelo corpo, mas também da agressividade de pessoas menos serenas, uma delas, na cabeça, foi um tijolo que atiraram nele. Mais que marcas físicas, Francisco carrega um olhar desconfiado, de quem não pode confiar no mundo, mas o brilho e o sorriso ainda revelam esperança, aquela essencial para continuar crendo que vale a pena seguir!
Cruzeiro do Sul foi assim... intensa! E pra fechar a visita, uma foto em uma de suas grandes ladeiras, suei frio. Claro, seguida do banho no Igarapé Preto! De volta à Rio Branco!
(As fotos colocarei depois)
Toda mulher gosta de rosas!
Um amigo leu a frase de meu gtalk "Vontade de escalar sonhos impossíveis", baseado na frase "Almas livres escalando sonhos impossíveis" que adotei na minha vida, e disse: "A mulher só é mulher após os 30 anos". Ressaltando que nesta fase ela é dona dos seus sonhos, suas procuras, do seu prazer, suas escalações. É uma fase mais serena, unindo jovialidade à maturidade. Boa!
(Foto no Parque Botânico de Cape Town)
Hora de...
Noite em Cape Town
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